A presidenta Dilma Rousseff tem até hoje
(25) para sancionar o Plano Nacional de Educação (PNE). A sanção ocorre
após quase quatro anos de tramitação do projeto no Congresso Nacional. A
grande conquista e também o maior desafio será a destinação de, no
mínimo, 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação por ano, a
partir do décimo ano de vigência do plano.
O PNE estabelece 20 metas para serem
cumpridas ao longo dos próximos dez anos. As metas vão desde a educação
infantil até o ensino superior, passam pela gestão e pelo financiamento
do setor, assim como pela formação dos profissionais. A expectativa é
que a presidenta não vete a destinação dos 10% do PIB para o setor. No
primeiro PNE, que vigorou de 2001 a 2010, o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB) vetou a destinação de 7% do PIB para educação.
Atualmente, são investidos 6,4% do PIB.
Além do financiamento, o plano assegura a
formação, remuneração e carreira dos professores, consideradas questões
centrais para o cumprimento das demais metas. Pelo texto encaminhado à
sanção, até o sexto ano de vigência, o salários dos professores da
educação básica deverá ser equiparado ao rendimento médio dos demais
profissionais com escolaridade equivalente. Além disso, em dez anos, 50%
desses professores deverão ter pós-graduação. Todos deverão ter acesso à
formação continuada.
Levantamento feito pelo Movimento Todos
pela Educação, com base em dados oficiais, mostra que será preciso
elevar os salários em 50% para atingir a média de R$ 3,6 mil mensais dos
demais profissionais com formação equivalente. Na educação básica estão
2,1 milhões de professores. O PNE também estabelece, no prazo de dois
anos, planos de carreira para os professores de todas as etapas de
ensino.
"Ter um professor mais valorizado é ter
um professor mais motivado em sala de aula, uma aula melhor, isso tem
ligação com o aprendizado do aluno. Só isso não melhora, mas é um
elemento importante", diz a secretária-geral da Confederação Nacional
dos Trabalhadores em Educação, Marta Vanelli.
Segundo ela, a questão salarial está
ligada às reivindicações da categoria e é a causa de diversas greves dos
professores. Marta explica que caberá aos estados e municípios garantir
que essa meta seja cumprida, avaliando em cada localidade o percentual
que poderá ser acrescentado aos salários a cada ano.
Para a gerente da Área Técnica do Todos
pela Educação, Alejandra Meraz Velasco, o salário não necessariamente
traz qualidade, mas "sem dúvida tem impacto na atratividade da
carreira". A qualidade deve vir com a qualificação e formação dos
professores. Segundo o levantamento feito pela entidade, até 2012, 29%
dos professores tinham pós-graduação. Outros 21,9% sequer tinham ensino
superior completo.
Até o fim do ano, o ministro da
Educação, Henrique Paim, pretende fazer uma grande discussão para
melhorar a formação dos profissionais. A presidenta Dilma Rousseff já
disse que os recursos do petróleo, com a Lei dos Royalties, serão
destinados também para melhorar o salário dos docentes.
Na avalição do coordenador da Campanha
Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, para que o plano seja
cumprido é preciso que os governos se comprometam. "Governos no plural, o
governo federal, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios". Os
governos estaduais e municipais devem elaborar os próprios planos, com
base no PNE, no prazo de um ano. "Não basta só fazer o plano, é preciso
que ele seja elaborado com a participação da sociedade", ressalta.
Fonte: (Agência Brasil, 25/06/2014)
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